Doenças da planta do mirtilo

A produção de pequenos frutos, em particular mirtilos (Vaccinium spp.), tem despertado grande interesse na região de Entre Douro e Minho nos últimos anos.

Tratando-se de uma cultura recente entre nós, importa fazer o acompanhamento fitossanitário dos pomares para que possamos assinalar as principais doenças e pragas presentes nas nossas condições edafo-climáticas, bem como a sua incidência e severidade.

O correcto diagnóstico das doenças, bem como a identificação das pragas é fundamental, para que os meios de luta adoptados sejam também os recomendados.

A integração de meios de luta, privilegiando as práticas culturais, é um aspecto fundamental, considerando o número reduzido de substâncias activas disponíveis para tratamento da cultura (consultar o site da DGAV – Extensões de Autorização de Produtos Fitofarmacêuticos concedidas para as Utilizações Menores – aqui).

Adquirir plantas sãs em viveiros autorizados pelos Serviços Oficiais é o primeiro passo para o sucesso de um pomar. A preparação do terreno, efectuando previamente análises de solo, que darão as indicações para as correcções a fazer, é outro aspecto a não descurar.

Apresentamos as doenças identificadas em amostras entregues na Divisão de Apoio ao Sector Agroalimentar (DASA), da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, entre 2013 e Setembro de 2015. As plantas analisadas eram provenientes de pomares jovens, abrangendo diversas cultivares (Bluecrop, Brighthwell, Briggita, Chanticleer, Darrow, Draper, Duke, Legacy, Liberty, O’Neil, Ozarkblue, Spartan e Suziblue).

Pestalotiopsis spp. e Truncatella sp.

No Chile, Espinoza e Briceño (2008), identificaram as espécies Pestalotiopsis clavispora, P. neglecta e Truncatella angustata associadas a plantas de mirtilo que apresentavam cancros nos ramos e seca de ramos.

O género Pestalotiopsis está presente em diversas espécies arbustivas e arbóreas, como parasita ou saprófita.

Tanto Pestalotiopsis spp. como Truncatella sp., fazem parte do conjunto de fungos das “Doenças do Lenho” da videira.

Sintomas:

Seca de ramos e presença de cancros. Nas amostras analisadas na DASA, estes fungos foram isolados de plantas onde se isolou simultaneamente Phomopsis spp., o que está de acordo com Espinoza e Briceño (2008), que admitem a existência de um complexo de fungos a actuar em conjunto.

Meios de luta:

Estes fungos penetram por feridas, pelo que os cortes resultantes da poda poderão constituir porta de entrada. Sempre que possível a poda deverá ser feita com tempo seco.

Mantêm-se as recomendações feitas anteriormente no que diz respeito à utilização de plantas sãs, podar ramos infectados, queimando esse material e seguir as recomendações das análises de solo para um programa racional de fertilizações.

Autora: Eng.ª Gisela Chicau, DRAPN

Arranjo gráfico: Carlos Coutinho (Assistente-técnico)