Hoje, vou neste artigo falar sobre a colheita mecanizada de uvas para a produção do vinho: um caminho sem volta. A região do Concelho de Moimenta da Beira continua a ser uma região com bastante produção de vinho e sendo assim muitos produtores podem começar a mecanizar a apanha das uvas, com possível partilha de máquina entre os diversos produtores.

A automatização não é só uma tendência no mundo dos vinhos como já é uma realidade. O controle de temperatura automatizado nos tanques de fermentação é apenas um dos exemplos disso.

Uma das principais dificuldades dos viticultores, pequenos ou grandes é a questão da mão-de-obra. São várias as práticas em que é necessária uma grande quantidade de mão-de-obra, a exemplo das podas, desfolha e, principalmente, a colheita. Em virtude disto, a colheita mecanizada vem ganhando espaço no cenário da viticultura.

Há cada vez mais adeptos pelo mundo à colheita mecanizada, o que ainda é tema controverso, uma vez que muitos preferem o trabalho manual e garantem que nada substitui os cuidados humanos com a colheita para conseguir frutos de qualidade. Entretanto, com as dificuldades de conseguir mão-de-obra e o alto custo dela, se torna mais barata a colheita mecanizada, o que viabiliza a produção em muitos casos, principalmente em áreas maiores.

Outro fator a ser considerado é o tempo de duração da colheita. Normalmente, os agricultores iniciam o trabalho nas primeiras horas do dia e terminam no início da noite. Enquanto isso, as uvas colhidas ficam expostas ao sol, inclusive nas horas mais quentes do dia. Fora outros imprevistos, como chuva sobre as colhidas.

De forma mecanizada, o processo é muito mais rápido, em poucas horas as uvas são colhidas. E isto é importante para colher no ponto certo de maturação e nas horas mais amenas do dia, enviando as uvas para o transporte até ao local de seu destino de forma rápida.

O principal argumento dos contrários ao sistema mecanizado é que a máquina não seleciona as uvas a serem colhidas, misturando verdes, maduras, podres, além de folhas, na produção colhida. É fato que com a colheita manual de forma cuidadosa, é mais fácil controlar a qualidade da colheita, mas quem já passou 10 horas seguidas por dia colhendo uvas pode comparar a qualidade da seleção, os cuidados e a limpeza das uvas no início com o final da vindima. É um trabalho bastante oneroso.

Por outro lado, a máquina tem sistemas de vibrações e, dependendo da intensidade da vibração, irá colher uvas mais verdes ou mais maduras. Para entender isto, basta lembrar que frutos maduros caem das plantas sozinhos, por processos fisiológicos. A regulação do sistema de vibração também é importante para os cuidados a ter na colheita de mais ou menos os frutos. Dessa forma, pode-se dizer que a qualidade da colheita varia com o interesse do produtor e com o seu domínio da tecnologia. Quanto à mistura com folhas, há processos físicos automatizados de separação do sólido do líquido (centrifugação) que podem permitir um mosto sem sólidos para a elaboração do vinho, além de um ventilador na própria colhedora que afasta folhas que podem cair junto aos frutos.

Particularmente, penso que há espaço para os dois processos e para as várias ideologias e filosofias, ao mesmo tempo em que penso que a vinda de sistemas automatizados é um caminho sem volta, por viabilizar sistemas de produções, diminuindo custos e, até por facilitar o controlo sobre os processos.

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Eng.º José Rui Gomes – IT Manager – Universidade do Minho, Jornal Terras do Demo, 03 de janeiro de 2019