Hoje, vou neste artigo falar sobre processos que devemos adotar para o sucesso das pastagens e forragens para animais. A região do Concelho de Moimenta da Beira chegou a ser um dos concelhos com muitas explorações agropecuárias em Portugal.

Os ruminantes desenvolveram durante milhões de anos um sistema digestivo capaz de aproveitar todo o potencial nutritivo da erva. Na bacia mediterrânea existem ótimas condições para a produção de pastagens e forragens de enorme qualidade, ricas em proteína, energia e com elevada digestibilidade.

A rentabilidade das explorações agropecuárias depende fortemente dos custos com a alimentação animal, logo, se produzirmos alimentação de qualidade nas nossas próprias explorações, ganhamos independência em relação a fatores de produção externos, melhorando os resultados económicos das nossas empresas.

Todavia, para que tenhamos êxito com as nossas culturas pratenses e forrageiras, existem alguns processos simples, que devemos observar:

  1. Instalação – Época de sementeira – Em Setembro/Outubro, na altura das primeiras chuvas sempre com a temperatura do solo superior a 16 ºC.
  2. Preparação do solo – Não são necessárias mobilizações muito profundas, devemos no entanto garantir que a camada superficial fica suficientemente plana e livre de torrões.
  3. Eleição da mistura a semear – deve ter em conta os seguintes fatores: solo (pH, textura, e fertilidade), clima (temperatura e pluviometria), finalidade (corte, pastoreio ou ambos), regime hídrico (sequeiro ou regadio), e outros, como o maneio do efetivo pecuário, a frequência de geadas, a exposição solar e profundidade da camada arável.
  4. Sementeira – A sementeira pode ser feita com qualquer tipo de semeador, inclusivamente com um distribuidor centrífugo. Devemos garantir que a semente não fica enterrada a mais que 1 – 1,5 cm de profundidade.
  5. Rolagem – Idealmente com um rolo de bicos ou anéis, esta operação é fundamental para garantir o bom contacto da semente com o solo. Pode ser utilizado um rolo liso desde que não exista risco de compactar excessivamente o solo e/ou de criar crosta superficial, o que impediria a germinação das sementes. Por este motivo é fundamental garantir um bom contacto solo/semente e uma sementeira de muito pouca profundidade (não mais que 1,5 cm).
  6. Adubação – Normalmente as misturas ricas em leguminosas fixam azoto mais do que suficiente para garantir o bom desenvolvimento da cultura. É comum utilizar adubos simples só com fósforo, no entanto em sementeiras mais tardias, anos mais frios, ou solos com muito baixa fertilidade poderemos utilizar adubos binários ou ternários com algum azoto que garantam o arranque da cultura. Para efetuar uma adubação correta, devemos efetuar análises de solo e levar em conta os seus resultados. Adubação de cobertura – nas pastagens devemos realizar adubações de manutenção com adubos fosfatados, consoante as necessidades da cultura e a disponibilidade deste nutriente no solo. Recomenda-se que se realizem análises de solo de dois em dois anos.
  7. Maneio das pastagens permanentes de sequeiro – Nas pastagens permanentes de sequeiro, no ano da instalação, é obrigatório que se reserve a pastagem a partir do início da diferenciação floral e até ao momento em que a pastagem se encontre completamente seca. Desta forma garantimos a formação de um bom reservatório de sementes, que garante a longevidade da pastagem. No entanto, também é importante que antes desta altura se realize um aproveitamento com uma elevada carga animal. É o designado corte de limpeza. Este pastoreio não seletivo, permite eliminar as infestantes, melhorando a composição da pastagem.
  8. Maneio das pastagens permanentes de regadio – Na composição das pastagens de regadio entram espécies perenes, pelo que não é necessário reservar a floração na primavera. O desenvolvimento inicial destas plantas é mais lento, assim é normal que no início os níveis de infestação sejam muito elevados. Cortes de limpeza com elevadas cargas animais em curtos períodos são a solução para estas infestações. Também se pode realizar um primeiro corte para silagem.
  9. Aproveitamento das forragens – Existem misturas forrageiras com aptidão para pastoreio, para corte e para ambos os usos. Normalmente as misturas para corte (feno, silagem ou fenossilagem), não devem ser pastoreadas pois parte das espécies que as compõem não têm capacidade de rebrote. Podem no entanto permitir um pastoreio ligeiro “no cedo”. A máxima qualidade das forragens é sempre obtida antes da plena floração, pelo que o último corte deve ser efetuado quando se começam a ver as primeiras flores das leguminosas. A qualidade das forragens depende também fortemente do maneio pós-corte. Encordoamento, reviramento do cordão, enfardação e métodos de conservação influenciam sobremaneira a qualidade da forragem. Em suma, a sementeira de pastagens e forragens assume-se cada vez mais como a melhor forma de melhorar a rentabilidade das explorações agropecuárias. Existem no entanto alguns riscos que podem condicionar o êxito destas culturas. Cumprir as normas aqui descritas e procurar o aconselhamento técnico adequado é a melhor forma de evitar acidentes culturais e de garantir que as pastagens e forragens cumprem o seu principal objetivo: fornecer uma alimentação animal rico em energia, proteína, com elevada digestibilidade e a baixo custo.

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Eng.º José Rui Gomes – IT Manager – Universidade do Minho, Jornal Terras do Demo, 09 de janeiro de 2019